Álcool

A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases distintas: uma estimulante e outra depressora. Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer os efeitos estimulantes, como euforia, desinibição e loquacidade (maior facilidade para falar). Com o passar do tempo, começam a surgir os efeitos depressores, como falta de coordenação motora, descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o efeito depressor fica exacerbado, podendo até mesmo provocar o estado de coma.

Os indivíduos dependentes do álcool podem desenvolver várias doenças. As mais freqüentes são as relacionadas ao fígado (esteatose hepática, hepatite alcoólica e cirrose). Também são freqüentes problemas do aparelho digestivo (gastrite, síndrome de má absorção e pancreatite) e do sistema cardiovascular (hipertensão e problemas cardíacos). Há, ainda, casos de polineurite alcoólica, caracterizada por dor, formigamento e cãibras nos membros inferiores (OBID, 2007).

Maconha

Segundo Rocha (1993) os efeitos da maconha dependem da quantidade e a qualidade utilizadas; e também da personalidade do usuário; e da influencia do meio onde se fuma e se esperam certas sensações.

Os efeitos esperados são: leve estado de euforia, relaxamento, melhora da percepção para música, paladar e sexo, prolonga a percepção de tempo, risos imotivados, devaneios e fica mais falante.

No resto do corpo os efeitos são: vermelhidão nos olhos (hiperemia conjuntival), diminuição da produção de saliva (boca seca) e taquicardia (freqüência superior ou igual a 140 batimentos por minuto). O THC tem um efeito orexígeno no apetite, ou seja, aumento de apetite. Não há registro de morte por intoxicação por consumo de maconha, visto que sua dose letal é 1.000 vezes maior que a usual.

A maconha tem como efeito mais comum o bem-estar, porém, ocasionalmente traz um desconforto acompanhado de uma ansiedade intensa e idéias de perseguição. Mais raramente pode haver alucinações. Há também, os ocasionais flashbacks que consistem em sintomas da intoxicação após a interrupção do uso. Pode haver também, no caso de pessoas com transtornos psicóticos pré-existentes uma exacerbação do quadro, como a esquizofrenia, exigindo mudanças no tratamento da doença psiquiátrica.

Esse psicotrópico, quando usado regularmente, traz problemas cognitivos como o prejuízo na memória e na habilidade de resolver problemas, comprometendo seu rendimento intelectual. Pode gerar a síndrome a motivacional, caracterizada por problemas de atenção e motivação. A tolerância é observada apenas em casos de consumo elevado da substância. Quanto à dependência, 10% dos usuários crônicos apresentam a fissura (desejo intenso pela droga) e centralidade na droga.

Já a abstinência, também observada em usuários crônicos e em altas doses, é caracterizada por: ansiedade, insônia, perda de apetite, tremor das mãos, sudorese, reflexos aumentados, bocejos e humor deprimido (OBID, 2007).

 Cocaína 

O mecanismo de ação da cocaína no Sistema Nervoso Central é aumentar a liberação e prolongar o tempo de atuação dos neurotransmissores: dopamina, noradrenalina e serotonina, os quais são atuantes no cérebro.

A dopamina é o neurotransmissor que se relaciona à dependência, visto que é este responsável pela sensação de prazer associada ao consumo da droga, bem como a outros comportamentos naturalmente gratificantes como comer, fazer sexo e saciar a sede. Além disso, estão relacionadas ao comportamento motor fino (atividades que demandam maior precisão e coordenação motora, como escrever) cognição/percepção e controle hormonal.

A noradrenalina e a serotonina se relacionam a algumas funções comuns: controle de humor, motivação e cognição/percepção. A noradrenalina se relaciona a mais duas funções, o comportamento motor fino e a manutenção da pressão arterial.

A cocaína é uma droga de efeito rápido e duração breve. Na forma de crack ou merla, essa droga é fumada, utilizando a via pulmonar. Pelo pulmão ser um órgão intensivamente vascularizado e com grande superfície para absorção, a droga chega rapidamente ao cérebro. Em dez a 15 segundos os primeiros efeitos já são percebidos e duram em torno de cinco minutos, enquanto se consumida sob a forma de pó, o efeito após cheirar surgem após dez a 15 minutos, e após injeção, em três a cinco minutos.

Os principais efeitos desencadeados pela cocaína são: sensação intensa de euforia e poder, estado de excitação, hiperatividade, insônia, falta de apetite,  perda da sensação de cansaço, dilatação de pupilas e aumento da temperatura corporal.

No caso do consumo pela via nasal, observa-se ressecamento das narinas geradas pela contração das artérias que irrigam a cavidade nasal. Quando o uso é crônico, há um prejuízo na irrigação sanguínea nasal, a qual pode culminar em necrose dessa área, que por sua vez pode resultar no desenvolvimento de ulcerações ou perfurações do septo nasal, parede cartilaginosa que separa as narinas. Esse psicotrópico também produz efeitos cardiovasculares, que são os principais responsáveis por sua letalidade. A pressão arterial pode aumentar e o coração bater mais rápido, chegando a produzir parada cardíaca. Esses efeitos são: taquicardia, hipertensão e palpitações. A morte pelo consumo excessivo da droga também pode ocorrer devido à diminuição de atividade de centros cerebrais que controlam a respiração (OBID, 2007).

 Crack

O crack pode causar problemas cardíacos, problemas respiratórios, derrames ou infartos. Ele também pode afetar o trato digestivo, causando náusea, dor abdominal e falta de apetite.

Ao percorrer a corrente sanguínea, o crack primeiro deixa o usuário se sentindo energizado mais alerta e mais sensível aos estímulos da visão, da audição e do tato. O ritmo cardíaco aumenta, as pupilas se dilatam e a pressão sanguínea e a temperatura sobem. O usuário pode então a começar a ficar inquieto ansioso ou irritado. Em grandes quantidades, o crack pode deixar a pessoa extremamente, agressiva, paranóica ou fora da realidade (Gomes, 2010).

TRATAMENTO

Não  há  um tratamento único, que seja apropriado para todos, é muito  importante que haja uma combinação adequada entre tipo  de ambiente, intervenções e serviços para cada  problema e necessidade da pessoa, contribuindo para o sucesso do  tratamento e para o retorno a uma vida produtiva na família,  trabalho e sociedade.

O  plano de  tratamento deve ser continuamente avaliado e, se for o caso, modificado para assegurar que se mantenha atualizado com as mudanças  nas necessidades da pessoa.

Um  paciente pode  necessitar de combinações de serviços que variam  durante o tratamento e recuperação.

Além do  aconselhamento ou psicoterapia, o paciente pode necessitar também  de medicamentos, outros serviços médicos, terapia  familiar orientação educacional (para os filhos), orientação vocacional e outros serviços sociais  e/ou legais. É fundamental que o tratamento esteja apropriado  a idade, sexo, grupo étnico e cultural do paciente ( Nida, 2007).

O psicólogo foca as questões relacionadas ao comportamento, às emoções, a motivação, ao relacionamento sociais (trabalho, casamento, família, amigos) e em cada um desses aspectos relacionam-se com o uso das substancias.

A terapia cognitivo-comportamental parte do pressuposto de que as emoções e  os comportamentos de uma pessoa são decorrentes de suas crenças a respeito de si mesma, do mundo e do futuro. As técnicas da terapia cognitivo-comportamental visam proporcionar ao paciente a possibilidade de reflexão sobre essas crenças e concluir pela interversão de cada uma delas ou, se for caso, encontrar formas mais funcionais de se adaptar aquelas situações que não podem ser mudadas. A mudança do comportamento requer que o individuo acredite não só que possa mudar, mas que também vale a pena mudar (Meyer, 2006).

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